P R I S C I L A  &  A N A

A gravidez veio após pensarmos muito sobre o nosso desejo de aumentar a família. A nossa vida sem filhos era muito boa, e poderíamos ter continuado assim. Éramos felizes, completos. Porém havia uma pergunta fundamental: “Poderíamos nos arrepender no futuro?”.


Simplesmente não chegávamos a nenhuma conclusão. Deixamos a natureza ditar os próximos passos e em pouquíssimo tempo engravidei.

A minha gravidez foi ótima, com pouquíssimos desconfortos e disposição até o fim. Ana virou corretamente e eu estava com grande expectativa de um parto normal. Mas passaram-se 41 semanas e não tive nenhum sinal de que entraria em trabalho de parto. Optamos pela cesariana. A frustração foi enorme, em especial porque queria provar a mim mesma que daria conta. 

Não gostei de ter feito a cirurgia. E o pós-operatório foi um pouco sofrido.

Mas, nesse momento, já estava com a Ana
lutando para amamentá-la. 

Ela tinha muita dificuldade com a pega e eu já estava com um mamilo rachado.

Em pouco tempo senti o peso do puerpério: privação de sono, cansaço extremo, dores horríveis durante a amamentação.

Perdi as contas de quantas vezes chorei.

Lembro-me de um dia específico, onde o cansaço me vencia. Já estava impaciente com a Ana, que insistia em não dormir no berço.

Precisava extravasar e comentei com o meu marido que estava cansada.

Mas ele também estava no limite (os pais também passam pelo puerpério) e disse com um olhar que nunca me esquecerei:

“Você não está dando conta”.

Como isso doeu na minha alma.

Eu estava quebrada: pós-operada, sem ajuda da família, com os seios machucados, com os hormônios a mil, ainda sem o amor incondicional e a tal alegria transbordante que tantas descrevem. 

Considero esse um dos momentos mais difíceis que passei.

Os hormônios me transformaram em uma pessoa difícil de reconhecer.

Fizeram-me ter um medo irracional de janelas e de pessoas.

Achava que alguém poderia roubar a Ana de mim durante passeios na rua.

Loucura! 

Felipe é psiquiatra e me tranquilizava. Porque a sensação que tinha era a de que estava surtando.

Mas a natureza é sábia. Aos poucos tudo foi entrando nos eixos: a amamentação tornou-se prazerosa, os meus choros foram cessando, a rotina foi se encaixando e o amor foi acontecendo.

As madrugadas eram amenizadas com a companhia das Mamães no Pós-Parto, grupo fantástico que tenho a sorte de participar.

Eu e Felipe ainda estamos aprendendo a ser mãe e pai.

Nem sempre acertamos, mas faz parte.

O Felipe é um paizão! Sempre soube que seria!

A Ana é uma pessoinha formidável, com um sorriso indescritível. O meu amor por ela cresce a cada dia, é uma relação em constante construção.

Viveria sem ele? Sim, e seria feliz. Mas agora que o experimentei, não consigo mais imaginar a minha vida sem. 

A maternidade transforma seu corpo e sua essência.

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