C R I S T I A N E   &   G A E L

Ser mãe foi a coisa mais incrível que já me aconteceu. E também a mais difícil e desafiadora. Meu mundo virou de cabeça para baixo.

Vi tudo que eu era, ou pensava que era, desmoronar
para que outra Cristiane tivesse que surgir.

Gael se tornou a minha maior força. A certeza de que sou capaz de tudo. Dizem que amor de mãe não tem como explicar, só sendo uma mesmo para entender. Dizem que é um pedaço seu, uma parte sua. Mas nenhuma parte minha se compara a ele. Meu filho é mais importante do que a minha própria vida.

Depois de 7 anos casados, Anderson e eu decidimos que estava na hora de ter um bebê.

Eu tinha medo que ficasse muito tarde, que o tempo passasse e eu não conseguisse engravidar. De certa forma cheguei a pressioná-lo para saber se era realmente isso que ele queria. Não que meu sonho fosse ser mãe. Nunca tive esse sonho, mas eu simplesmente sabia que isso um dia iria acontecer, e que se eu não tivesse, me arrependeria no futuro.

Mas, antes de engravidar, entramos os dois em processos pessoais de cura, individualmente, para rever padrões familiares que nos causavam dor e que não queríamos passar para frente, para as novas gerações.

Não queríamos iniciar uma família carregando problemas que não eram nossos. Foi assim que conhecemos o trabalho das constelações familiares; o Bodytalk; melhoramos nossos hábitos alimentares e uma série de outras pequenas e grandes coisas importantes. 

Precisávamos disso por nós e para abrir espaço para um filho em nossas vidas.

Para minha surpresa, engravidamos na primeira relação que tivemos sem cuidados contraceptivos. Estávamos de férias, viajando para um lugar na natureza que nos é muito especial. O lugar onde casamos.

Minha gravidez foi perfeita. Festejada pela família e pelos amigos. Não tive nenhum problema de saúde.

O pré-natal foi feito com uma médica de confiança e com a qual planejamos, desde o primeiro momento, ter Gael em casa, em um parto natural domiciliar.

Com 40 semanas e dois dias, as contrações começaram. Foram sete longas horas de trabalho de parto. Doeu muito, mas minha doula estava lá, meu marido estava lá, minha médica e a enfermeira. 

Todos me trazendo a confiança de que tudo estava bem e que eu só precisava me entregar para aquele momento, com amor e fé.

O que mais me ajudou foi minha doula me dizendo que aquelas contrações doloridas não eram minhas inimigas, e sim aliadas.

Ela dizia que, ao invés de retrair meu corpo, a cada contração, para fugir da dor, eu deveria fazer o contrário: abrir meu corpo para elas. Assim eu ajudaria a natureza a fazer a parte dela e trazer meu filho para mim.

E assim foi. Gael nasceu 20 de fevereiro, às 5h14 da manhã, sob o olhar atento e amoroso do pai.

Nasceu ao lado da minha cama, em uma banqueta de parto, mesmo depois do Anderson passar a noite inteira enchendo a banheira para eu nem passar perto.

Meu filho veio em um parto sem anestesia, jejum, agulhas, sem procedimentos desnecessários, nada!

Nasceu da forma mais natural e respeitosa possível, e mamou com 40 minutos de vida. Tudo maravilhoso, do jeitinho que sonhei.

Foi tudo perfeito até a realidade de ser mãe bater na porta.

Meu leite desceu no terceiro dia e meus seios ficaram duros a ponto de Gael não conseguir mamar direito.

Mas eu acreditava que ele estava mamando bem, porque eu apertava e saía leite.

Ele nasceu magrinho e com o tempo emagreceu mais.

Com 12 dias fomos ao pediatra e meu filho não só não estava engordando, como estava ainda longe de recuperar o peso do nascimento.

Eu chorei de culpa.

Meu filho sentia fome e não conseguia sugar meu seio. E e não percebi, achando que estava tudo bem.

Tive amigas muito especiais que trabalham com amamentação que vieram me ajudar. De madrugada. Elas identificaram que Gael sugava forte mas não tinha uma sucção eficiente, ou seja, ele fazia força, gastava energia, mas não conseguia se alimentar na quantidade que precisava, pois meu seios estavam tão duros, quase empedrados, que ele não dava conta.

E assim ele foi machucando também meu peito.

Elas me ensinaram exercícios para melhorar a sucção e me orientaram muito sobre a pega correta.

Até que ele conseguiu mamar e começar a engordar.

Mas, em seguida vieram as cólicas... Três longos meses em que meu filho não chorava e sim berrava a madrugada inteira de dor.

Foi o mais desesperador que vivi na vida.

Ele chorava 3, às vezes 4 horas seguidas. Eu fiz tudo que podia. Bolsa de água quente, sling, muito colo, cortei tudo da minha alimentação, dei remédio, homeopatia e nada resolvia.

Por várias noites eu sentei no chão, abracei meu filho e chorei junto. 

Eu chorava dia e noite, de pânico, de impotência. Parecia que eu estava vivendo em uma realidade paralela em que tudo era difícil. E essa parte da maternidade ninguém te conta.

Além das cólicas, ele não dormia bem, não se entregava para o sono. Desde recém-nascido.

Eram horas para fazer ele dormir, para depois colocar no berço ou na cama e ele acordar chorando imediatamente. E assim começava tudo de novo. 

Às vezes ele dormia no peito, mas se eu o tirasse, mesmo com a maior delicadeza do mundo, ele acordava na mesma hora.

Um dia ele ficou 12 horas seguidas no meu peito.

Eu não conseguia tirá-lo e chorei de exaustão. Não conseguia comer, dormir e nem ir ao banheiro.

Com três meses, as cólicas foram embora como num passe de mágica.

Foi um alívio! Mas o desafio de fazer Gael dormir continuou. Hoje não está mais tão difícil, mas há 6 meses não sei o que é dormir mais de 4 horas seguidas ou sem um bebezinho lindo e minúsculo agarrado em mim.

O começo foi muito difícil, mas hoje eu digo
de coração aberto que o tempo torna tudo melhor.

Fui conhecendo meu filho e aprendendo a identificar cada chorinho dele, em uma construção diária que pertence somente a nós dois.

Agora, basta ver o sorriso encantador de Gael e aqueles olhinhos cheios de doçura para ter certeza que absolutamente tudo valeu a pena.

E, sim, eu faria tudo de novo, pois ele me fez entender que a vida é um milagre.

Hoje eu tenho certeza que esse amor não se compara com nada que eu conheci antes. E como sou grata a ele por isso!

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