C A R O L  &  J U L I E T A

Ter um filho sempre fez parte dos nossos planos. Se fosse menina já sabíamos até que seria Julieta.

Eu e Alex estamos juntos há 10 anos, gostamos muito de criança, mas esse plano de ter filhos era constantemente adiado por várias razões. 

Havia sempre um desafio profissional, uma viagem de aventura ou qualquer outro motivo que nos fazia adiar.

Nossa vida era realmente muito gostosa para tomar a coragem de mudá-la com um bebezinho.

Fomos adiando e adiando até que um dia, em uma consulta ginecológica de rotina, tudo mudou.

Tive o diagnóstico de uma endometriose profunda, com os dois ovários tomados pelas lesões da doença.

Um médico, nada "humano", disse-me, na lata, que não sabia se eu poderia ter filhos e que eu poderia até entrar na menopausa em pouco tempo.
E
u tinha 29 anos.

Como eu não sabia nada sobre endometriose e minha primeira fonte de informações foi esse médico insensível, eu e meu marido simplesmente ficamos sem chão.

Senti que o meu lado feminino foi roubado de mim, e o fantasma da infertilidade pairou sobre o meu corpo.

O Alex também ficou desolado, mesmo tentando disfarçar pra me apoiar.

Foi depois disso que nossa prioridade passou a ser ter um bebê. 

Felizmente, ao procurar alguns especialistas e entender melhor sobre o problema, aceitei que a fertilidade e a vinda de um bebê não dependiam somente da nossa vontade.

Envolviam questões muito mais complexas. Fiz um tratamento espiritual juntamente com acupuntura e o resultado foi que Julieta estava pronta pra vir para as nossas vidas.

Em 2 meses de tentativas, conseguimos engravidar. O dia que descobrimos foi o mais feliz da minha vida.

A gravidez foi uma fase linda.

Eu me sentia plena, bonita e realmente especial por carregar esse serzinho.

O parto normal foi muito duro e demorado, mas muito especial.

Parir, pra mim, foi verdadeiramente atravessar um portal de dor, de medo,
de coragem, de vida e de magia.

Tudo estava muito intenso e lindo, até voltar para casa e enfrentar o puerpério.

Realmente é preciso falar cada vez mais sobre os primeiros dias, meses com um bebê.

Não é fácil virar mãe. O amor é enorme, mas ele vem acompanhado de tanta mudança, tanto cansaço e tanta dor que fica difícil curtir no início.

Felizmente eu estava cercada de pessoas muito especiais e essa rede de amor fez tudo ficar mais leve.

Amamentar é muito difícil e requer muita informação para que seja feita de maneira correta e o mais leve possível.

Meu peito feriu, Julieta não fazia a pega direito, não ganhava peso, as cólicas eram terríveis, entre tantas outras dificuldades...

Nesse momento, eu precisei de muita ajuda. Tanto para realizar as atividades do dia a dia com o bebê e a casa, quanto para me levantar depois do meu chorinho de cansaço e de medo de tanta mudança. 

Como tudo na vida passa, conseguimos fazer a amamentação exclusiva finalmente fluir tranquila.

E tudo ficou muito prazeroso.

Finalmente parecia que eu tinha virado mãe. Eu estava curtindo muito essa bebezinha linda.

Não foi instantâneo. Essa mudança foi gradual e envolveu um processo de aprendizado muito bonito.

Os desafios da maternidade continuam inúmeros e diários. E o aprendizado também.

Mas o amor só cresce. Cada dia parece que ele fica um pouquinho maior.

E a mulher, mãe, profissional e esposa, essa continua em constante transformação. Ainda não a reconheço muito bem. Há momentos em que bate uma leve saudade daquela mulher de antes; mas passa rápido porque eu gosto, cada dia mais, dessa mulher forte que nasceu e que agora é mãe.

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