A N A  C R I S T I N A   &   A L I C E

Nunca tive aquela vontade enorme de ser mãe. Gostava da minha vida de casada e da nossa liberdade.

Mas, um dia decidimos engravidar e veio a Alice!  

A gravidez foi tranquila, apesar do cansaço e inchaço que me acompanharam no final da gestação. E ainda convivi com a realidade do Zika, que mexeu com meu emocional a cada ultrassonografia.

Ao contrário do que muitas dizem, não me senti bonita na gestação, mas curtia muito cada movimento da Alice na minha barriga. Trabalhei muito durante e até o último dia da gravidez para deixar tudo organizado para a minha licença maternidade.

Minha barriga era muito pequena e acreditava em uma gestação até 40 semanas, mas Alice veio antes do esperado, com 37 semanas.

Às 23h a bolsa rompeu e entrei em trabalho de parto.

Foi uma mistura de felicidade, medo e ansiedade.

O parto não foi como planejado, pois não tive dilatação apesar das incontáveis e dolorosas contrações. Após 6 horas em trabalho de parto ativo, passei por uma cesárea rápida e tranquila.

Lembro de ouvir um chorinho suave e perguntar se estava tudo bem. Logo a Alice veio para meus braços. Iniciamos então o processo da amamentação.


A amamentação doeu. Às vezes ainda dói. Mas até que me saí bem, sem fissuras ou outras complicações.

Algumas vezes chorei de dor e cansaço, mas tive o colo da minha mãe, que me via e cuidava de mim como filha enquanto todos os olhares estavam voltados para a Alice.

Também devo agradecer ao meu marido, que me fez sorrir nos momentos difíceis.

Voltei parcialmente ao trabalho após 15 dias, ainda com muitas dores da cesárea. Cheguei a levar minha filha comigo, mas logo consegui ordenhar e pude deixá-la em casa.

Confesso que na minha primeira ida ao trabalho, sem ela, chorei no carro. Mas sabia que era necessário.

Ainda no primeiro mês vieram as cólicas e depois uma doença do refluxo.

Nada melhorava as duas situações e, como médica, senti a frustração de não poder ajudar a minha filha. Como mãe, me senti extremamente impotente. 

Tentamos dietas, medicamentos e a dificuldade em ganhar peso era muito grande. 

Contra a minha vontade - e com mais choro, introduzimos um complemento para ela e finalmente houve uma recuperação do peso, o que me confortou muito.

Ainda temos dias muito bons e outros muito ruins. Mas sei que irá melhorar e passar. E sei que outras dificuldades virão. 

Hoje entendo que ter a Alice foi a decisão mais acertada que tivemos. É um amor sem igual, que cresce a cada dia.

Ela é muito tranquila, risonha e gulosa.

Cada sorriso me faz esquecer as noites mal dormidas.


Agradeço a Deus pela oportunidade de ser mãe e a Alice por ter me escolhido para cuidar dela.

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