T H A Í S  &  R A F A E L A

P L A N E J A M E N T O

Minha gravidez foi planejada. Mas como eu queria me dedicar ao ser mãe, adiamos ao máximo esse plano.

Eu e meu marido curtimos a vida de casados. Viajamos bastante, aproveitamos muito. Decidimos ter um bebê após meus estudos - comecei o doutorado aos 29 anos. Defendida a tese, eu – então aos 33 anos – engravidei!

Mas, infelizmente, perdemos nosso bebê... Foi muito, muito triste...

Descobri, nesse processo, que o percentual de abortos espontâneos é muito mais alto do que eu imaginava. A taxa é de 20%, ou seja, 1 em cada 5 mulheres que engravidam.

Mas a pior descoberta foi a de uma doença até então desconhecida para mim: doença trofoblásica gestacional ou “mola hidatiforme parcial”. Há formação do feto; ouvimos seu coraçãozinho no primeiro exame, mas ele não se desenvolve.

Eu teria então que me curar para engravidar novamente. Foram meses difíceis...

Passei por exames e visitas semanais ao hospital referência nessa doença aqui em Brasília, o HRAN. Então osexames e visitas se tornaram mensais. Até que, quase 1 ano depois, tive alta!

Durante esse acompanhamento, tive muito medo... Se a doença evoluísse - o que não aconteceu, eu teria que passar por quimioterapia.

Conheci algumas mulheres do hospital que passaram por isso – as consultas aconteciam todas no mesmo dia, por ordem de chegada, então acabávamos conhecendo outras mulheres que também nunca haviam ouvido falar nessa doença, mas estavam lá para se tratar. 

Cada história que ouvia delas era de emocionar.

Passada essa tensão, veio o medo de engravidar e viver tudo isso novamente... O medo do tempo passando muito rápido; a dúvida por talvez ter esperado tempo demais para pensar em ter filhos.

Mas meu desejo de ser mãe falou mais alto e, em novembro de 2014, recebi a confirmação da gravidez!

G R A V I D E Z

Os três primeiros meses da minha gravidez foram angustiantes. Eu estava muito preocupada com algo dar errado - de novo - e acabei não compartilhando isso com ninguém. Evitava fazer planos.

Mas eu estava indo bem, fisicamente eu estava bem. Até que chegou o dia do temido exame das 12 semanas.

Fiquei nervosa até ouvir aquele coraçãozinho batendo!

E como batia rápido! Que alegria, que felicidade, que vontade de sair gritando pela rua!

Meu bebê estava ali! Superamos a fase mais crítica!

Ainda esperamos o próximo exame, das 16 semanas, para só então dividir a notícia com todos.

Assim, pudemos anunciar: “estamos esperando um bebê e é uma menina!"

A partir de então, o restante da gravidez foi só de alegrias!

Eu me sentia muito bem e começamos os preparativos para montagem do quartinho do bebê; do enxoval; voltei a fazer exercícios – quando entrei para o grupo das “gravidinhas da tia Sílvia” e conheci essas mulheres lindas que hoje estão nesse projeto especial sobre maternidade real.

Enfim, tenho ótimas lembranças.

Desde que descobri a gravidez, agradeci todos os dias pelo privilégio de gerar um filho. Pelos resultados dos exames. Por um dia ter a oportunidade de criar e educar uma criança. Pelo apoio que eu tinha do meu marido, dos meus pais, da minha família, dos meus amigos queridos – os de longa data, outros mais recentes, tantos outros do trabalho. Cada um ao seu jeito, mas com papeis muito importantes para mim.

P A R T O

Confesso que sempre tive medo do parto normal, mas minha obstetra me convenceu a tentar. 

Parece até que vivemos uma inversão dos papeis aqui! Li muito sobre o assunto. Assisti a muitos filmes. Informei-me. E a cesárea passou, então, a ser algo fora de cogitação.

Ao completar 40 semanas de gestação, nenhum sinal do bebê querer nascer.

Isso foi me angustiando. Li também sobre possíveis complicações caso passasse muito tempo. E foi me dando um medo de acontecer algo errado...

Até que resolvemos induzir. Dei entrada no hospital às 40 semanas e 4 dias.

O parto foi evoluindo aos poucos e aguentei bem. Mas, após 12 horas, já muito cansados - meu marido havia ficado comigo o tempo inteiro e apesar de ter dilatação, o bebê ainda estava muito alto.

Optamos pela cesárea. Talvez se eu ficasse mais umas 12 horas teria tido um parto normal... Acredito até que a médica esperaria... mas como no início eu já não fazia tanta questão assim do parto normal, preferi partir pra cesárea mesmo.

Foi meio esquisito... Eu estudei pouco a respeito e não sabia qual seria a sensação. Mas foi rápido e logo eu pude conhecer a Rafaela!

Ela estava ali, em meus braços. Não demorou muito e ela já estava mamando no peito... Linda, perfeita... frágil, mas ao mesmo tempo tão forte. É um momento mágico, cheio de emoção e felicidade indescritíveis!

P Ó S - P A R T O

Eu sabia que o início não seria fácil, mas também não fazia ideia do que esperar. Só quem passou por isso tem a noção da medida. Aliás, isso até deveria ser mais divulgado!

Paassado o tumulto da primeira semana e a adaptação ao primeiro mês, fomos nos conhecendo melhor e tudo ficou mais prazeroso.

Nesse início, lembrei-me de um dos poucos conselhos úteis que recebi durante a gravidez: siga sua intuição.

Não adianta querer seguir à risca as regras que nos apresentam ou que existem em teorias. É importante lermos, nos informarmos. Além disso, mais fundamental ainda é dar sempre muito carinho e passar segurança... os bebês sentem isso.

Eu pensava muito: “a Rafaela não conhece nada desse mundo... tudo é novidade. Tudo, tudo. E eu sou seu ‘porto seguro’. E ela sabe que estarei aqui com ela.”

E assim fui aprendendo a ser mãe.

É muita responsabilidade criar uma pessoa.

Pensar que ela depende de você para tudo, especialmente nesse início da vida. Que é uma “pessoinha” em formação, cheia de curiosidade e que vai se espelhar em você. E eu quero ser um bom exemplo.

Mas reconheço que tenho muita sorte! Rafaela é um bebê que não deu trabalho algum. Ela é muito tranquila, apesar de também termos tido nossos momentos de choro e de desespero!

Ela me ensinou o valor do olhar profundo.
 E como a gente pode se comunicar tanto, mesmo sem falar nada.

Adoraria passar mais tempo com ela, mas as horas que passamos juntas são sempre de muita entrega, muito amor.

E eu fico feliz de poder ter essa dedicação... Hoje, aos 36 anos e Rafaela com 1, sinto que tive minha filha no momento certo.

Além disso, sempre tive o apoio da família, especialmente do meu marido e dos meus pais, que além de darem todo suporte nos cuidados com a Rafaela, estiveram também sempre preocupados comigo.

Então é isso... eu só tenho que agradecer por tudo!

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