O invisível Sol Nascente

Embaixo da terra suspensa no ar, particularmente castigado pela seca do Planalto Central, está o Sol Nascente. Mais que uma comunidade, é uma das maiores favelas, não apenas do Brasil, mas da América Latina. E está localizada há 35 km da Praça dos Três Poderes, em Brasília, capital do País, desnudando a discriminação social da elite e do Poder, que para preservar seu status quo  acomoda na periferia o indesejado: o pobre. Pobre este de qual Brasília precisa para movimentar sua economia, mas que não o quer visível. Pobre este que é um incômodo. Pobre este, espelho de uma sociedade desigual e segregacionista.

O abandono é generalizado: falta desde água a saneamento. Mais de 93% dos moradores vivem em terrenos irregulares, sem asfalto e sem coleta de lixo adequada. Neste cenário, mais precárias ainda são a saúde e a educação. Desta invisibilidade aproveitam-se grileiros e traficantes.

Simbolizando a busca por uma vida melhor e mais digna, o Sol Nascente acomoda locais e imigrantes. Mas a ilusão do sonho se revela rapidamente: apenas 2,95% da população tem ensino superior completo e mais de 6 mil crianças menores de 6 anos estão fora da escola.

Para minimizar tal condição, instituições filantrópicas e grupos organizados da sociedade civil prestam assistência de diferentes naturezas, oferecendo apoio e recursos para melhor estruturação social. Exemplo é a Corrente do Bem Brasília, grupo presente na região há 10 anos que seleciona famílias em condição de risco para acompanhamento e reintegração econômica.

Aos seus habitantes o que sobra da sociedade é pouco, mas o Sol Nascente desafia a predestinação por meio da resiliência e da esperança.

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